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O orgulho está muito enraizado em nossas atitudes e segue sutil em suas manifestações. Basta chamar alguém de orgulhoso e esta pessoa já fica constrangida e ressentida. Isso é melindre e é orgulho na mágoa. Falta coragem para acolher as críticas como indicadores da correção da própria conduta.

Já percebeu que já considerou sua opinião como a melhor, com base em aparências, e desprezou a do outro? Isso é presunção, a manifestação do orgulho no saber. Na opinião do outro, em sua visão, também há o que aprendermos.

A parcialidade externada através do julgamento e da crítica, com critérios falhos, é muito comum. É o tal do preconceito, que é o orgulho nas concepções. Ao invés do preconceito, a sugestão para agora é o pós-conceito. Portanto, praticar a observação de forma mais imparcial e flexível para fugir dos extremismos.

A pessoa invejosa não quer o que você tem, quer que você não tenha. Ela é o orgulho se expressando contra as vitórias dos outros. A inveja dói porque ativa a área do cérebro (córtex dorsal) relacionada à dor física. Quem nunca sentiu vergonha de si mesmo por isso?

Aceitar não significa gostar ou desgostar, concordar ou discordar; mas validar que temos comportamentos que precisamos melhorar. O contrário disso, fomenta a vaidade, que é a manifestação do orgulho na imaginação falsa do que se é. É importante aceitar o que se é de fato, para poder avançar e não estagnar.

E essa prepotência que mascara a falsa superioridade? Isso é orgulho no poder. A força transformadora é a autoridade, que influencia para a mudança, e não a opressão, que sufoca as nascentes da boa vontade, matéria-prima de grandes realizações no bem.

O quão é importante refletir sobre essas características em nós, com a proposta de educação dos sentimentos, e não ser indiferente consigo e com outros. Aliás, indiferença é orgulho vestido de insensibilidade… São tantas as manifestações do orgulho…

O mito de Lucífer

Então! Caíste dos céus, astro brilhante, filho da aurora! Então! Foste abatido por terra, tu que prostravas as nações! Tu dizias: ‘Escalarei os céus e erigirei meu trono acima das estrelas. Eu me assentarei no monte da assembleia, no extremo norte. Subirei sobre as nuvens mais altas e me tornarei igual ao Altíssimo. E, entretanto, eis que foste precipitado à morada dos mortos, ao mais profundo abismo. (Isaías 14:12-15)

Lúcifer, incapaz de ser superior ao Criador, preferiu ser senhor no inferno do que ser servo no Reino de Deus. Reino este que contempla o cumprimento das Leis Divinas na conduta das criaturas. O mito de Lúcifer é o modelo de comportamento da criatura narcisista, as mais diversas manifestações do orgulho dão base à sua conduta. Trago este exemplo para facilitar a compreensão.

O Narcisista é o senhor do seu “inferno”. Mas no fundo é alguém vulnerável, em sua autoestima, que persegue o status; porém é fadado ao fracasso. Portanto, sofre muito; entretanto, engana a si e sempre responsabiliza os outros. O resultado disso, está no egoísmo e falta de empatia. Os Espíritos Superiores nos alertam que o orgulho e o egoísmo são os maiores obstáculos ao nosso progresso e patrocinam diversas mazelas morais neste orbe.  O orgulho não permite que a pessoa sofra uma comparação que vos rebaixe. Você conhece uma pessoa difícil? É você essa pessoa?

Examinai-vos!

A humildade é força poderosa, nesta transformação moral, por ser base para as demais virtudes. Vigiar as próprias manifestações, com o compromisso de se libertar das cadeias mentais, sustentadas pelo orgulho, precisa de gentileza para consigo e fidelidade para com a verdade.

“Examinai-vos a vós mesmos, se estais na fé. Provai-vos a vós mesmos. Acaso não reconheceis que Cristo Jesus está em vós?”, Paulo (II Coríntios, 13:5)

Por Daniel Santos

 

Referências

Bíblia Sagrada. Português. Bíblia sagrada: edição catequética popular. Tradutor. 18.ed. São Paulo: Ave Maria, 2013. P. 957-958-1491

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 349. ed. Tradução de Salvador Gentile. São Paulo: Ide, 2008. pág. 98.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 171. ed. São Paulo: Ide, 2008. P. 246. Q. 785

OLIVEIRA, Wanderley. Mereça ser feliz: superando as ilusões do orgulho. Pelo Espírito Ermance Dufaux. Dufaux: Belo Horizonte, MG: 2002. P. 56-57

VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo Espírito André Luiz. 32. ed. Brasília: FEB, 2019. P. 57-58