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Na essência da criatura está o ser divino. Neste o criador colocou o desejo de crescimento e autorrealização. Mas o interesse excessivo por si mesmo, pelos próprios interesses, viciou o comportamento, frente a este princípio divino, gerando a arrogância na conduta, uma manifestação muito expressiva do egoísmo.

A arrogância se manifesta na rigidez através de condutas autoritárias, desrespeitando o livre-arbítrio alheio; na competição por meio da inveja com menosprezo as vitórias alheias; na imprudência pela transgressão e o desrespeito aos limites; na prepotência através da megalomania e da presunção. Sentimentos de melindres, superioridade, poder e infalibilidade resultam destas manifestações da arrogância filha do egoísmo.

Neste cenário adoecido a pessoa acredita muito mais no que pensa do que na realidade dos fatos. A pessoa se julga com uma importância e autovalorização, desconectadas da realidade, e que a levam a inaceitação das circunstâncias da vida, manifestadas nas mágoas. A pessoa se julga imerecedora das adversidades e dos sofrimentos advindos da proposta educativa da reencarnação, e escolha do Espírito sequioso por aprender a amar, ou das decisões do passado na encarnação vigente. Estamos tratando aqui da arrogância voltada ao passado que induz à depressão.

Diante disto, a pergunta Quem Eu Sou? É tão desafiadora, pois as respostas são para fora devido a inteligência, e frágeis no âmbito do sentimento que é uma conquista evolutiva de primeira grandeza do Espírito no íntimo, para dentro. Os Espíritos Orientadores responderam a Kardec que falta um sentindo para compreender a natureza íntima de Deus e que requer o espírito não estar mais obscurecido pela matéria. Para isto, o egoísmo deve ser superado; mas deriva da matéria e é uma conduta ainda muito difícil para as pessoas desenraizarem.

Precisamos estudar mais o egoísmo, pois ao lado do orgulho causa muito mal às criaturas por ser fonte de diversos adoecimentos e toda sorte de males no planeta. Por trás dos diversos problemas existem pessoas com deficiência em sua moral. A depressão não diverge disso.

 

Inibições da luz

Esses comportamentos, no decorrer das existências, são nódoas cuja erupção se manifestam em doenças no corpo físico, a exemplo da depressão. Isso impede a manifestação do Ser Divino que cada criatura é. A vibração em desarmonia deixa a pessoa em estado defensivo, que tem origem no homem-primitivo e no homem-materialista.

Somos luz e nosso corpo energético dispõe de importantes vórtices de energia que são prejudicados ou ficam mais plenos frente a nossa evolução nos âmbitos da Lei de Amor, Justiça e Caridade.

Na base da coluna vertebral temos o vórtice raiz ou básico relacionado aos desejos e a segurança pela manutenção da vida biológica. Sua luz é vermelho-laranja que manifesta energia, coragem, ação, vitalidade, entusiasmo, paixão… seu comprometimento é grande na depressão e enfraquece a vontade de viver. Estando equilibrado o plexo básico, a pessoa valida seus valores e satisfação pela vida, assumindo seu lugar no mundo.

No baço dispomos do vórtice esplênico, que é relacionado a curas, emoções e, especialmente, ao prazer. Suas luzes são vermelho, alaranjado, amarelo, verde e azul. Além do vermelho e alaranjado, as outras expressões manifestam inteligência, sabedoria, verdade, cura, consagração, harmonia e espiritualidade… Sua inibição, devido a rebeldia contra a vida, leva a frieza e nada tem graça. A comida não tem sabor, a convivência e a sexualidade perdem estímulo. Começa um abandono fisiológico. Começam aqui as ideações suicidas.

Já no umbigo, o vórtice solar recebe a energia primária divina, que desempenha a função do poder, e tem vínculo com cordão prateado. Suas luzes são vermelho e verde. Suas manifestações estão relacionadas aos objetivos através da energia, força e paixão; bem como equilíbrio mental, liberdade, superação… a pessoa deveria promover seu progresso. Mas estando este chakra comprometido, a vítima de si encontra-se acomodada devido a rebeldia; pois gostaria que tudo fosse do seu jeito e a seu gosto. Há aqui um desejo de onipotência. Só Deus é onipotente! A consequência disso é a autopiedade. A arrogância se manifesta na rebeldia neste interesse: ou é tudo ou é nada.

No coração está o vórtice cardíaco pertinente ao amor. Sua função está na compreensão, nos relacionamentos sociais, amor-próprio, compaixão… e recebe energia primária Divina através do chakra coronário que se distribui ao corpo. Sua luz amarelo-dourado manifesta inteligência, iluminação, sabedoria, ideais superiores, força mental… pode ainda dispor da luz verde promovendo a cura; ou em outra vibração chegando ao rosa, expressando beleza, pureza, diplomacia… como os chacras são solidários entre si, este afetado pela depressão, gera a negação do amor-próprio. O depressivo neste estágio sente culpa por tudo. É o auge da rebeldia e do sofrimento. O corpo todo sente, há quem se queixe até de sintomas de fibromialgia. O movimento autodestrutivo é estimulado pela autopunição. Quantos neste estágio recorreram ao suicídio? Minha pergunta é um convite à reflexão, sendo ainda um apelo à sua compaixão e disponibilidade de ajudar.

 

O pensamento é elétrico e o sentimento é químico

Nosso corpo físico dispõe de neurotransmissores que atuam no sistema nervoso central e têm funções essenciais em nosso comportamento. Por exemplo, a Noradrenalina está relacionada com desejo, o raciocínio, o humor, a ansiedade, o controle da pressão arterial, o sono, a alimentação… é como um acelerador. Estando este hormônio deficiente na pessoa, ela deseja realizar; mas não consegue. Há fadiga, perda de interesse, insônia, falta de apetite, baixa autoestima, pessimismo…

Já a Dopamina controla os impulsos, já que regula emoções. É um freio. Relaciona-se com emoções, aprendizado, humor, foco, motivação, libido, desejo… Atua na resposta inibitória ou excitatória entre os neurônios. Dificuldades em dopamina levam à fase maníaca, já que não controla os impulsos. Com isso, pode recair no descontrole da imaginação e surto psicótico.

No que tange a Serotonina, assegura a sensação de felicidade. Além disso, regula o sono, o ritmo cardíaco, eleva a tolerância à dor e à frustração. Por transmitir informações entre os neurônios funciona como uma embreagem. Embora seja popularmente conhecido como hormônio do amor, da felicidade, do prazer, não é um hormônio, trata-se de um neurotransmissor.

A pessoa tendo Noradrelina e Dopamina percebe que pode fazer o que quer e controlar adequadamente seus impulsos; mas sem Serotonina, não faz. Na sua visão observa que tem tudo e não sente nada, nem sentimentos, há um vazio, um cansaço de viver. Sabe que pode realizar e não entende por que não realiza. O sentimento de culpa é intenso por causa disso. As ideações suicidas passam a ser muito consideradas.

Aqui estão três percepções da mesma causa que levam ao mesmo resultado. Eis um singelo olhar moral, espiritual e científico da depressão.  Longe estamos de trazer todo esclarecimento e nem temos este desígnio, nosso compromisso é o de promover a reflexão.

Onde a pessoa está doente? No Sentimento.

 

Salve Maria de Nazaré!

A morte do corpo físico, para matar a dor, é uma Porta Falsa, que foi inspirada pela Porta Larga da arrogância. A grande frustração do suicida está em continuar vivendo com dificuldades ainda maiores, em muitos casos; em outros o Espírito não tem consciência inicialmente do que acontece. A intervenção da Legião de Maria de Nazaré em favor dos espíritos clandestinos, devido ao suicídio, e que aceitam ajuda trabalhando pela superação sobre sua própria rebeldia, conta com a manifestação da lei maior de Amor, Justiça e Caridade.

Espíritos nobres trabalham no acolhimento e recuperação dos caídos à Porta Falsa, sob os auspícios de Maria de Nazaré, mãe de Jesus. Estes espíritos reencarnam com limitações e experiências a aprender, que eles mesmos solicitaram, e dispõem de assistência espiritual preciosa nas adversidades da vida, sob a bênção do esquecimento do passado. Uns superam o sentimento de culpa que os levou a pôr tempo à vida. Outros recaem nas armadilhas da própria arrogância, tendo de recomeçar outra vez.

 

A grande conquista evolutiva do Espírito

Escutar os próprios sentimentos para entendê-los e, consequente, educá-los ajuda muito a compreender a alma. A grande conquista evolutiva do Espírito está no sentimento. Para praticar o autoamor requer escutar os sentimentos, que são guias fundamentais para a libertação e crescimento pessoal. Para que assim possamos nos conectar melhor com Deus que é a fonte da nutrição e ascensão. A reeducação dos sentimentos proporciona a paz interior, pois se vive mais plenamente. Não se envergonhe, nem se reprima quanto aos seus sentimentos, tenha sim uma relação amigável com eles. Tenha um diálogo amoroso com seu mundo íntimo e pratique a caridade, especialmente moral. Você merece!

Neste caminho de autodescobrimento e autoaceitação no escutar a si, sugiro seguir as recomendações de Ermance Dufaux: “Escutar os sentimentos é cuidar de si, amar a si mesmo. É uma mudança de atitude consigo. O ato de existir ocorre no sentimento. Quem pensa corretamente sobrevive; quem sente nobremente existe. O pensamento é a janela para a realidade; o sentimento é o ponto de encontro com a Verdade. É pela nossa forma de sentir a vida que nos tornamos singulares, únicos e celebramos a individualidade. Quando entramos em sintonia com a nossa exclusividade e manifestamos o que somos, a felicidade acontece em nossas vidas. […] Escutemos os nossos sentimentos e nossa vida terá mais encanto, alegria e paz.”

Nossa postura não deve ser da arrogância travestida de vitimismo; e sim a do sentimento de aprendiz. Por favor, perdoe-se! Que Maria Santíssima lhe abençoe!

 

Prece

Por favor, façamos uma prece pelos suicidas:  

Por Daniel Santos

 

Referências

CERQUEIRA FILHO, Alírio de. Cura espiritual da depressão. 4. ed. Cuiabá, MT: Editora Espiritualizar, 2018. P. 29-32.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 171. ed. São Paulo: Ide, 2008. P. 36, 37, 282. Q. 10, 11, 907.

OLIVEIRA, Wanderley. Escutando sentimentos. 2. ed. Pelo Espírito Ermance Dufaux. Belo Horizonte: Dufaux, 2006. P. 14-21, 107-109.

ROMO, Rodrigo. A era de ouro de Saint Germain: guia prático para transformação energética. 10. ed. São Paulo: Madras, 2013.  P. 71-72.